A participação das mulheres no mercado continua sendo um tema contemporâneo, uma notícia ou uma admissão recente e não uma formação histórica, que deveria ter sido acumulada desde o florescimento da era industrial.
Passado tanto tempo, a relevância da mulher para economia e para o mercado global se ampliou admiravelmente, ainda que a remuneração média do seu trabalho continue sendo rebaixada, seu valor subestimado e o volume de responsabilidades ampliado.
Mulheres na economia
As mulheres juntas contribuíram mais para o PIB Global, nas últimas três décadas, do que as novas tecnologias e os novos gigantes da economia, China e Índia. Nas economias desenvolvidas, as mulheres são responsáveis por cerca de 41% do PIB oficial, segundo o Fórum Econômico Mundial 2021, e, se o trabalho doméstico for adicionado, (valorizando as horas trabalhadas, pelo salário médio de uma ajuda domiciliar), podemos dizer que mais de metade da riqueza mundial é originada por mulheres.
A participação das mulheres no mercado consumidor é fator decisivo para maioria das indústrias e imprescindível no planejamento das campanhas publicitárias. Conforme pesquisa realizada pela Frost & Sullivan, as mulheres são responsáveis ou influenciam 81% das compras globais e cerca de 50% dos produtos tradicionalmente “masculinos”, como automóveis, equipamentos de manutenção e eletrônicos.
Mulheres no mercado de capitais
Pesquisadores da Digital Look, site financeiro britânico e da Merril Lynch, banco norte-americano, concluíram que mulheres são melhores investidoras, seus portfólios alcançam retornos consistentes e superiores aos da maioria dos homens, ao longo do tempo.
Mulheres costumam relacionar seus investimentos a metas bem determinadas e são menos propensas a movimentar seus investimentos; já os homens tendem a assumir posições de curto prazo e mais arriscadas, uma receita comum para retornos médios menores.
Independente de toda relevância econômica e dos avanços alcançados, as mulheres permanecem subvalorizadas e sub-representadas em todos os níveis de gestão.
O que precisamos corrigir
Conforme o estudo realizado pela PayScale, em 2021, o salário médio dos homens é 18% maior do que o salário médio para mulheres. Esse número representa uma melhoria de 1% para as mulheres em relação a 2020 e de 8% em relação a 2015, quando o salário médio dos homens era cerca de 26% maior do que o salário médio delas. No entanto, não podemos levar essa melhoria pelo valor nominal.
No período de pandemia, as mulheres, especialmente aquelas enquadradas nas menores faixas salariais, enfrentaram taxas de desemprego superiores as dos homens.
A disparidade salarial entre homens e mulheres é mantida, ainda que neutralizados ou compensados todos os fatores que os distinguem no mercado de trabalho. Significa que a diferença salarial entre homens e mulheres não pode ser atribuída a maior experiência e produtividade, mas sim a questão de gênero.
Além da questão salarial, permanece a lacuna de oportunidade entre homens e mulheres no mercado de trabalho, mulheres tendem a subir na carreira em um ritmo mais lento. Em 2021, 75% dos homens e 76% das mulheres, entre 20 e 29 anos, se encontravam em posições subordinadas; entre 30 e 44 anos, 36% dos homens e 30% das mulheres, alcançaram os postos de gerência e supervisão, acima dos 45 anos, 12% dos homens e 7% das mulheres, alcançaram o nível executivos.
A desigualdade de gênero não é apenas uma questão moral e social, mas também um desafio econômico importante. Conforme estudo realizado pela McKinsey, um cenário em que as mulheres participam da economia de forma idêntica aos homens somaria US$ 28 trilhões, ou 26% ao PIB global até 2025. Esse impacto é equivalente ao tamanho das economias chinesa e americana combinadas hoje.
As evidências sugerem que a insistente subvalorização da mulher no mercado e o controle das oportunidades disponíveis a elas, não reflete um fracasso das mulheres, mas sim um fracasso de toda sociedade.
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