Nixon escreveu a lógica, Trump fez dela espetáculo
A estratégia do “madman theory”, atribuída a Nixon e seu conselheiro Henry Kissinger, foi criada no auge da Guerra Fria com o objetivo de intimidar adversários.
Conceito Central:
“Finja ser irracional, imprevisível e impulsivo o suficiente para que o inimigo tenha medo de provocar uma reação desproporcional.”
Assim, ele recua — não por respeito, mas por receio.
Se você atua com gestão de riscos, liderança pública ou formulação estratégica, este tema pode ser explorado em profundidade em palestras, mentorias ou workshops sob medida. Entre em contato para levar esse conteúdo à sua equipe ou organização.
Os Pilares Estratégicos de Trump e sua Equipe
A estratégia adotada por Trump é baseada na disrupção como ativo político e na imprevisibilidade como ferramenta de barganha. A lógica é simples: quem rompe a previsibilidade, assume o controle da narrativa. Para isso, são utilizados cinco pilares principais:
Pilar |
Descrição | Finalidade Estratégica |
Exemplo Real |
Disrupção como alavanca | Uso de caos controlado, ameaças e decisões inesperadas. | Quebrar previsibilidade e ampliar margem de manobra. | Tarifas súbitas a parceiros como Canadá e UE. |
Transacionalismo | Avaliação de políticas por ganhos táticos imediatos, sem compromisso com a estabilidade. | Transformar relações duradouras em negociações pontuais. | Abandono do Acordo de Paris e TPP. |
Domínio da narrativa | Criação de dicotomias e controle da opinião pública via redes sociais. | Enquadrar temas complexos como disputas morais binárias. | Ataques sistemáticos à imprensa tradicional. |
Nacionalismo econômico | Defesa de reindustrialização via tarifas e incentivos internos. | Mobilizar a classe média desindustrializada. | “America First” e guerra comercial com a China. |
Diplomacia personalista | Relações diretas com líderes, ignorando canais institucionais. | Projetar força e enfraquecer alianças multilaterais. | Encontros com Kim Jong-un e Putin fora do protocolo diplomático. |
Esses pilares não operam isoladamente. São combinados com timing midiático, linguagem emocional e ataques calculados a adversários — políticos, empresariais ou institucionais.
Lidar com estratégias de ruptura exige da contraparte discernimento, contenção e preparo estrutural. Não se vence o caos com mais caos, tampouco se impõe racionalidade onde a lógica da emoção já venceu o campo.
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Como Lidar: Métodos Validados para Conter e Reposicionar
A pergunta que se impõe é: como responder a uma estratégia que se alimenta de conflito e desordem? Diversos pesquisadores e formuladores de políticas responderam a essa questão com métodos testados, diplomáticos e funcionais, mesmo quando o custo político parecia alto.
Abaixo, destaco as estratégias mais eficazes:
Método de Resposta |
Lógica Central | Ferramentas Aplicadas |
Casos de Sucesso |
Comunicação ancorada em perdas | Expor os riscos e danos das decisões populistas com dados simples e exemplos reais. | Estudos de impacto social, campanhas de conscientização. | Setor agrícola nos EUA durante a guerra comercial com a China. |
Paciência estratégica | Evitar reação imediata para desativar o ciclo de conflito e exposição midiática. | Silêncio tático, não-engajamento em provocação direta. | Merkel diante de ataques verbais de Trump. |
Enquadramento preventivo | Controlar a narrativa desde o início, antes que ela seja moldada pela oposição. | Framing positivo com base em dados e valores universais. | Campanhas pró-clima antes da saída dos EUA do Acordo de Paris. |
Separar verdade de espetáculo | Produzir plataformas visuais, simples e transparentes de checagem e dados. | Dashboards, iniciativas de fact-checking. | Projeto Truth Decay da RAND Corporation. |
Recusar dicotomias falsas | Reintroduzir nuance e complexidade quando forçado a escolher entre “sim ou não”. | Soluções intermediárias, linguagem não-binária. | Diplomacia europeia em temas de segurança e energia. |
Formação de coalizões | Construir alianças para diluir o poder de barganha unilateral. | Parcerias regionais, acordos multilaterais paralelos. | Canadá e México no redesenho do NAFTA. |
Leverage de saída (BATNA) | Preparar e comunicar uma alternativa concreta à negociação. | Planos de contingência com força econômica e jurídica. | China pausando acordos comerciais durante escalada tarifária. |
Ancoragem institucional | Reforçar marcos legais e multilaterais para conter ações unilaterais. | WTO, ONU, tratados internacionais, bloco econômico. | UE acionando a OMC contra tarifas americanas. |
Conclusão:
A estratégia do caos controlado que Trump usou para criar uma marca a partir do seu nome e alavancar seu patrimônio funciona não porque convence, mas porque paralisa. Cria hesitação, incerteza e desorganiza adversários acostumados à previsibilidade.
Por isso, quem lida com esse tipo de ator precisa entender que:
- o risco é a própria ferramenta de poder;
- respostas tradicionais tendem a ser ineficazes ou contraproducentes;
- inteligência estratégica exige antecipação, não reação.
A inteligência, nesta estratégia, não está nos algoritmos nem nos slogans — mas na capacidade de enxergar o jogo, ganhar tempo e se reimaginar.
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