Trump 2024: O Que Realmente Está em Jogo para o Brasil e o Mundo

Trump 2024: O Que Realmente Está em Jogo para o Brasil e o Mundo

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Trump 2024: Retórica Agressiva, Popularidade e os Limites da Execução

1. Alguns candidatos, como Trump em 2024, utilizam uma retórica agressiva para simplificar questões complexas, oferecendo soluções rápidas e aparentes. Muitos eleitores, em busca de respostas práticas, são atraídos por essa abordagem, mesmo que as soluções sejam ilusórias.

2. Candidatos agressivos demonstram uma confiança inabalável, o que pode dar a impressão de força e liderança. Essa segurança transmite uma imagem de "capacidade de resolver problemas".

3. Discursos polarizadores validam sentimentos reprimidos, inseguranças e preconceitos, fazendo eleitores sentirem-se verdadeiramente representados.

Essa combinação explica por que figuras polarizadoras continuam atraindo apoio, mesmo diante de comportamentos questionáveis. Em 2024, Trump apresenta intenções fortes, mas enfrentará as realidades de um sistema democrático com limites institucionais, econômicos e legais, criando uma lacuna entre discurso e execução.

Consultoria de Investimentos Financeiros Independente
Claudia Kodja
Gestora de Investimentos

O que Significa a Volta de Trump para o Comércio Global e Investimentos no Brasil​

Donald Trump, atual candidato republicano à presidência, permanece no centro das atenções e como favorito a ganhar as eleições para 2024.

Marcado por problemas legais que o tornaram o primeiro ex-presidente condenado por um crime e duas tentativas de impeachment, Trump conseguiu se manter próximo de seus apoiadores, reforçando sua imagem como alvo de perseguição política.

Esses tópicos capturam as principais propostas de Trump e os possíveis impactos para a política externa, economia e setores de interesse global, com ênfase em protecionismo, incentivos fiscais e mudanças na regulamentação ambiental e comercial.

Confira um resumo crucial sobre as principais propostas de Trump e os possíveis impactos para a política externa, economia e setores de interesse global, com ênfase em protecionismo, incentivos fiscais e mudanças na regulamentação ambiental e comercial.

Resumo das Expectativas de uma Nova Gestão de Trump

Redução regular das taxas de juros, pressão contra a independência do Federal Reserve (Fed).

Redução da taxa de imposto corporativo de 21% para 15%, estimulando investimentos e criação de empregos.

Defesa de um dólar forte como prioridade de segurança nacional e criação de “estoque estratégico de Bitcoin” para impulsionar criptomoedas.

Enfase na desregulamentação, apoio a combustíveis fósseis, retirada de regulamentações ambientais do governo Biden e saída do Acordo de Paris.

Tarifa universal de 20% sobre todas as importações, tarifas de até 60% para produtos chineses, 100% para carros do México e países que abandonarem o dólar.

Foco em acordos bilaterais, redução do apoio a aliados da OTAN, fortalecimento de relações com Israel e países do Golfo, postura cautelosa com Rússia e China.

Desregulamentação e cortes de impostos, favorecendo infraestrutura, energia e manufatura; maior volatilidade em setores com presença global.

Implementação da “maior operação de deportação”, eliminação de cidadania para filhos de imigrantes ilegais e imposição de “triagem ideológica”.

Eleição de diretores escolares pelos pais, fim da estabilidade para professores, proibição da teoria crítica da raça, apoio a orações e armas para professores.

Ordem executiva proibindo colaboração para censura em redes sociais, restrição de uso de fundos federais para combater a desinformação.

Restrição de compras federais a medicamentos produzidos nos EUA, substituição do Affordable Care Act (“Obamacare”).

Abertura para negociações bilaterais nos setores de agricultura e energia; benefícios indiretos para exportações de soja.

Impacto de tensões comerciais com a China, volatilidade no comércio global, e possível redução de investimentos sustentáveis devido à ênfase em fósseis.

Propostas de Campanha de Trump para 2024

Política Monetária: promete reduzir regularmente as taxas de juros se for eleito novamente, Donald Trump tem se posicionado fortemente contra a independência do Federal Reserve (Fed) (*2), especialmente em relação às taxas de juros, dado que hoje, o presidente tenha pouca ou nenhuma influência direta sobre os custos de empréstimos.

(*2) O Federal Reserve, ou Fed, é o banco central dos Estados Unidos. Ele regula a oferta de dinheiro e as taxas de juros para manter a estabilidade econômica e controlar a inflação. O Fed também supervisiona e regula bancos, promove a estabilidade financeira e fornece serviços ao governo e a instituições financeiras.

Política Tributária: Trump propõe cortar a taxa de imposto corporativo de 21% para 15% para estimular o investimento empresarial, aumentar os lucros e impulsionar a criação de empregos. Esta proposta é parte de sua filosofia econômica mais ampla de desregulamentação e cortes de impostos para alimentar o crescimento.

Política Cambial: em seu discurso a dominância do dólar é colocada como uma prioridade de segurança nacional, sugerindo que um dólar forte simboliza uma América robusta e preparada para enfrentar seus desafios internacionais. Ao manter o dólar fortalecido, Trump acredita que a América mantém um papel de liderança nas negociações e nos acordos internacionais, uma prioridade estratégica que reflete seu compromisso com uma política de “América em Primeiro Lugar”. Além disso, sua possível postura favorável ao setor cripto, incluindo um “estoque estratégico de Bitcoin”, poderia impulsionar a inovação no setor, mas também suscitar preocupações com o nível de regulamentação.

Política Ambiental: enfatiza a desregulamentação e o apoio à indústria de combustíveis fósseis. Durante seu mandato, ele retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris (*3) e flexibilizou normas ambientais, facilitando a exploração de petróleo, gás e carvão. Trump argumenta que essas medidas protegem empregos e fortalecem a economia. Ele também questiona políticas de combate às mudanças climáticas, priorizando o crescimento econômico imediato sobre metas de redução de emissões. Em um novo mandato, é provável que ele continue com essa abordagem, revertendo regulamentações ambientais estabelecidas pelo governo Biden e contrariando as tendências globais de descarbonização.
(*3) O Acordo de Paris é um compromisso mundial sobre as alterações climáticas e prevê metas para a redução da emissão de gases do efeito estufa.

Comércio Exterior: fez das tarifas uma peça central de sua proposta econômica. Favorável a uma política comercial agressivamente protecionista, impondo tarifas sobre produtos importados para incentivar a produção interna e proteger as indústrias americanas. Trump propõe uma tarifa universal de 20% sobre todos os produtos importados, com uma tarifa mais alta, de até 60%, aplicada a produtos vindos da China. Ele também sugeriu tarifas de 100% para veículos importados do México e para países que tentarem abandonar o dólar americano em transações internacionais. Essas medidas são parte de sua estratégia para fortalecer a economia americana, protegendo as indústrias nacionais e reduzindo a dependência de importações.

Diplomacia e Política Externa: a política externa de Donald Trump se basearia nos princípios da “América em Primeiro Lugar,” priorizando interesses dos EUA, reduzindo a dependência econômica dos EUA de outros países, condicionando o apoio americano aos aliados da OTAN (*4) mediando aumentos nos gastos militares e pressionando aliados a reembolsar despesas com armamentos.
(*4) A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), constitui um sistema de defesa coletiva através do qual os seus Estados-membros concordam com a defesa mútua em resposta a um ataque por qualquer entidade externa à organização.
A posição de Donald Trump em relação a Israel, Irã e países do Golfo reflete uma postura pró-Israel, com forte apoio ao governo israelense e alianças estratégicas. Durante seu mandato, Trump fortaleceu laços com Israel e mediou acordos de normalização entre Israel e vários países do Golfo, conhecidos como os Acordos de Abraão. Em relação ao Irã, sua abordagem foi de confronto, retirando os EUA do Acordo Nuclear de 2015 e impondo sanções severas. Já com os países do Golfo, especialmente a Arábia Saudita e os Emirados Árabes, Trump buscou parcerias comerciais e de segurança, visando conter a influência iraniana na região.
Donald Trump adota uma postura cautelosa em relação à Rússia e à guerra na Ucrânia. Embora ele tenha expressado críticas às sanções aplicadas contra a Rússia, sugerindo que prefere uma abordagem diplomática, Trump não defendeu abertamente as ações russas na Ucrânia. Ele já declarou que, se fosse presidente, tentaria negociar rapidamente um fim para o conflito, alegando que poderia impedir uma escalada maior.
Em relação a Taiwan, Trump adota uma posição ambígua. Embora ele tenha mostrado apoio para o fortalecimento militar dos EUA na região do Indo-Pacífico e expressado simpatia por Taiwan como parceiro estratégico, evita declarações de compromisso claro sobre defesa militar ao país
Em resumo, a diplomacia de Trump seria provavelmente caracterizada por um estilo transacional, priorizando acordos bilaterais e recalibrando responsabilidades internacionais para focar nos benefícios diretos aos EUA.

Investimentos: cortes de impostos e desregulamentação, setores como infraestrutura, energia e manufatura podem ver um aumento nos investimentos estruturais. A ênfase de Trump em apoiar combustíveis fósseis e reduzir barreiras regulatórias pode incentivar investimentos em infraestrutura de energia tradicional e construção.
As alocações financeiras em renda fixa, a expectativa de maiores déficits públicos devido a cortes de impostos e aumentos de gastos militares pode levar os investidores a exigirem prêmios de risco mais altos, aumentando as taxas de longo prazo. Já as alocações em renda variável poderiam reagir positivamente em setores favorecidos pelas políticas de Trump, como energia, industrial e financeiro, devido ao potencial aumento nos lucros corporativos. No entanto, as ações de empresas com forte presença internacional, especialmente em mercados como a China, poderiam sofrer devido à incerteza nas relações comerciais.

Imigração: planeja implementar a “maior operação de deportação da história americana”, utilizando o exército e a Guarda Nacional para reunir e deportar migrantes não autorizados. Pretende acabar com o direito à cidadania para filhos de imigrantes ilegais, revogar a entrada de imigrantes em condicional humanitária e impor “triagem ideológica”.

Educação: sugere reformas profundas, como eleição de diretores por pais, fim da estabilidade para professores, proibição de conteúdos relacionados a “teoria crítica da raça” (*5) e a formação de valores patrióticos Ele também apoia orações nas escolas e armas para professores.
Defende a eliminação do Departamento de Educação, responsável pelos programas de financiamento para escolas de ensino fundamental e médio, além de gerenciar os empréstimos estudantis.
Propõe a criação “American Academy”, uma universidade online financiada pelo governo federal que concede diplomas gratuitos, onde “comunismo ou jihadismo não serão permitidos”.
(*5) A teoria crítica da raça surgiu na segunda metade do século 20 como um modelo teórico que buscava explicar as desigualdades raciais nos Estados Unidos.

Tecnologia: considera emitir uma ordem executiva proibindo qualquer colaboração entre agências federais e outras entidades de censurar ou restringir de alguma forma a expressão dos americanos nas várias plataformas online, bem como proibir o uso de fundos federais para combater a desinformação.

Saúde: pretende restringir as compras federais de medicamentos exclusivamente fabricados nos EUA e substituir o Affordable Care Act (*6)— também conhecido como “Obamacare”.
(*6) É uma reforma de saúde dos EUA implementada em 2010 para ampliar o acesso ao seguro-saúde, reduzir os custos dos cuidados médicos e proteger consumidores contra práticas abusivas de seguradoras.

Oportunidades e Riscos da Vitória de Trump para o Brasil

OPORTUNIDADES

1. Redução de Barreiras Comerciais: Com uma postura protecionista, Trump tende a focar em negociações bilaterais, o que pode abrir espaço para acordos específicos com o Brasil, especialmente em setores como agricultura e energia.

2. Fortalecimento do Setor Agrícola: Trump costuma apoiar tarifas sobre produtos chineses, o que pode beneficiar exportações agrícolas brasileiras, como soja, para suprir a demanda chinesa. Em média, o setor agrícola representa cerca de 6-7% do PIB brasileiro.

RISCOS

1. Volatilidade no Comércio Global: A política protecionista pode desestabilizar o comércio global, afetando indiretamente o Brasil.

2. Tensões com a China: Se Trump intensificar a disputa comercial com a China, isso pode impactar a demanda global por minerais, prejudicando as exportações brasileiras, especialmente se a economia chinesa desacelerar. A China é um dos principais compradores de minerais do Brasil, e uma redução no crescimento chinês ou restrições comerciais afetariam diretamente o setor de mineração brasileiro, que contribui com aproximadamente 2-4% do PIB brasileiro.

3. Redução de Investimentos Verdes: Com uma abordagem menos ambiental, Trump tende a priorizar combustíveis fósseis, o que poderia afastar investimentos voltados para sustentabilidade no Brasil.

4. Influência do Dólar: Uma política monetária expansiva nos EUA pode fortalecer o dólar, tornando mais caro o serviço da dívida externa brasileira e pressionando a inflação.

**Conclusão**

Uma vitória de Trump pode trazer impactos profundos para os mercados financeiros. Suas políticas de corte de impostos para empresas, apoio a combustíveis fósseis e postura protecionista no comércio beneficiariam setores como energia, farmacêuticos e pequenas empresas. Criptomoedas também poderiam ganhar impulso com regulamentações menos restritivas. No entanto, o aumento de gastos militares e cortes de impostos pode elevar a dívida nacional. Além disso, commodities como carvão e petróleo seriam favorecidas, enquanto a incerteza aumentaria a demanda por ouro como ativo seguro.

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