Em um mercado onde empregadores buscam habilidades sob demanda e novos talentos reivindicam uma formação ágil de introdução no mercado, os cursos técnicos profissionalizantes deixaram de ser negligenciados nas discussões políticas e ofuscados pela ênfase ao ensino acadêmico geral.
Não só um número crescente de países vem reconhecendo a contribuição que a educação vocacional pode dar a atividade econômica, como os formandos em cursos técnicos profissionalizantes se tornaram um nicho de talentos cada vez mais demandado por empresas em busca de competências novas, práticas e específicas.
Ao contrário do ensino acadêmico generalista, longo e custoso, a formação técnico vocacional pode atender a diferentes propósitos, como preparar os alunos para a entrada no mercado de trabalho, combater a evasão escolar, promover a atualização e requalificação profissional.
Conforme aponta a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), com o mercado de trabalho em transformação, sistemas de ensino técnico profissionalizante, bem concebidos, podem desempenhar um papel crucial no desenvolvimento das novas competências, não só para os jovens, mas também para os adultos.
Os últimos dados apurados pela Eurostat identificam que nos países Estados-Membros, 48,4% dos alunos no ensino médio optaram por cursos técnicos profissionalizantes, 44,4% dos diplomados eram mulheres.
Países como Brasil e Colômbia possuem menos de 10% dos seus alunos no ensino médio matriculados em programas vocacionais, enquanto Suíça, Áustria, Austrália, Bélgica, Finlândia, Eslovênia e Eslováquia se aproximam ou superam os 60%.
Requisitos da formação técnico profissionalizante
Os programas vocacionais podem ser mais caros do que os acadêmicos.
Ainda que sejam desenvolvidos em parceria em plantas prontas e locais de trabalho, o ensino vocacional necessita de oficinas e equipamentos, além de instrutores que reúnam qualidades didáticas e conheçam as necessidades do mercado.
A menos que as escolas sejam apoiadas financeiramente, existe o risco dos programas se limitarem a áreas baratas e não as ocupações onde a demanda do mercado de trabalho é alta.
Itinerários formativos do novo ensino médio brasileiro
O Brasil lançou uma grande reforma do ensino secundário superior, em 2017.
A legislação nº 13.415/2017 alterou Diretrizes e Bases da Educação Nacional e estabeleceu a reforma do ensino médio brasileiro, que pretende triplicar a oferta de educação profissional técnica, que hoje alcança apenas 8% dos estudantes de nível médio.
O “Novo Ensino Médio”, desenhado pelo Ministério da Educação e Cultura, alterou a organização curricular, com o desenvolvimento de “itinerários formativos” técnicos profissionalizantes.
A nova estrutura, que pretende estar disponível em todas as escolas do país até 2024, compromete o mínimo de 1200 horas à formação vocacional e estabelece as seguintes linhas pedagógicas: investigação científica, mediação e intervenção sociocultural, processos criativos e empreendedorismo.
Estabelecido em lei e restrito ao papel, a reforma do ensino médio brasileiro é providencial e corajosa. Além de torná-lo mais atraente aos jovens, atende as demandas do mercado moderno e introduz profissionais de “notório saber” para atender, exclusivamente, a formação técnico profissional.
As dimensões do Brasil e suas diversidades, impõem que a União, Estados e Municípios se envolvam na implantação do “Novo Ensino Médio”, prestando apoio técnico e financeiro. No entanto, dada a redução significativa e a precária execução orçamentária empenhada pelo Ministério da Educação e Cultura é possível que o que parece bom no papel, acabe restrito a ele.
Os cursos técnicos que mais empregam
Para aqueles que pretendem optar por uma formação técnico profissionalizante ou gostariam de conhecer melhor as possibilidades, o Conselho Nacional de Educação dispõe o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos.
Nele as ofertas de cursos de educação profissional técnica de ensino médio são organizadas em 16 eixos de desenvolvimento:
- Ambiente e Saúde
- Controle e Processos Industriais
- Desenvolvimento Educacional e Social
- Gestão de Negócios
- Informação e Educação
- Infraestrutura
- Militar
- Produção Alimentícia
- Produção Cultural e Design
- Produção Industrial
- Recursos Humanos
- Segurança
- Turismo, Hospitalidade e Lazer
- Ambiente e Saúde
- Controle de Processos Industriais
- Desenvolvimento Educacional e Social
Conforme o Mapa do Trabalho Industrial elaborado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), embora as exigências do mercado de trabalho variem conforme a vocação econômica das regiões brasileiras, entre as áreas que irão demandar maior número de profissionais técnicos estão:
- Metalmecânica
- Construção
- Logística e transporte
- Alimentos
- Informática
- Eletroeletrônica
- Energia e telecomunicações
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