Na primeira parte desta matéria, conversamos sobre a urgência de se “Pensar na Velhice, antes que Você Chegue Nela” e principalmente, a necessidade de se encontrar alternativas de renda para o período, que mantenha o padrão de vida adequado ou sonhado.
Embora o aumento significativo da longevidade, seja usado como argumento para as reformas previdenciárias e aumento do período de contribuição, viver por mais tempo não implica no aumento da oferta de emprego para os “mais velhos” ou habilidade/capacidade para atuar nas novas vagas de trabalho.
Nesta segunda parte da matéria, serão apresentadas algumas alternativas e estratégias de investimento, que podem aumentar e complementar a renda no período da aposentadoria.
Estratégias Imobiliárias
Embora os agentes do mercado financeiro insistam em convencê-lo de que aquisições imobiliárias são um mau investimento, dado sua rentabilidade e seus custos, não haverá nada mais temerário na sua velhice, do que não ter um teto para morar ou ter a possibilidade de utilizá-lo, como garantia ou renda.
Costumo dizer aos meus clientes: nem todos os investimentos, ou nenhum deles, deve se basear, exclusivamente, no comparativo de rentabilidade, mas priorizar, a que risco eles atendem.
Investimentos imobiliários são uma âncora financeira, por vezes, sua liquidez e valorização não atendem a mesma periodicidade dos investimentos líquidos, mas são a manutenção do valor em épocas de crise e falta de segurança.
O retorno atribuído a um investimento imobiliário se dá não só pela renda que pode ser obtida com a locação, mas também, com a valorização da propriedade.
Vamos às estratégias imobiliárias para aposentadoria.
1. Downsizing Residencial
Para muitos que, fizeram um investimento imobiliário, adquirindo uma casa própria, este é um dos bens mais valiosos ou o mais valioso de seu portfólio e poderá ser usado como estratégia de renda na sua aposentadoria.
Downsizing residencial significa, vender a casa atual, comprar uma mais barata e embolsar a diferença. A mudança também pode reduzir os custos de impostos, manutenção e serviços públicos, sem afetar seu padrão de vida.
Outra forma de utilizar a sua residência, para financiar a aposentadoria, é investir o dinheiro da venda e utilizar a rentabilidade para subsidiar os custos de uma locação e outros da aposentadoria.
Lembre-se: nenhum investimento está livre de risco e de custo!
A aquisição de uma casa própria envolve custos de capital e manutenção elevados.
Entre os riscos estão o de mercado, que envolve a desvalorização real do imóvel e perda de liquidez, ou seja, dificuldade de se converter o imóvel em dinheiro.
2. Flip – compre, melhore e venda
Real Estate Flipping, também chamado de trading imobiliário, é quando você compra um imóvel com a intenção de vendê-lo no curto prazo, com algum ganho financeiro.
A estratégia consiste em comprar imóveis depreciados ou inabilitados, por um preço abaixo do mercado, atualizar seu valor por meio de reformas e melhorias, em seguida vendê-lo, a um valor que restitua os custos e incorpore o maior valor possível.
Lembre-se: nenhum investimento está livre de risco e de custo!
Estratégias de flipping, dependem de conhecimento sobre o mercado imobiliário e leilões de imóveis, habilidades e equipe para realizar reformas residenciais e algum conhecimento financeiro.
3. Propriedades para locação no longo prazo.
A locação de imóveis é uma das únicas formas de se garantir uma renda vitalícia na atualidade, já que nenhum produto financeiro para previdência se dispõe a tanto.
A estratégia é adquirir imóveis destinados a inquilinos consistentes, interessados em contratos de locação de longo prazo e dentro das taxas de aluguel do mercado.
Os contratos de locação oferecem um fluxo de caixa mensal e anualmente reajustado pela inflação; além disso, se trata de um bem tangível, cujo valor de aquisição, se atualiza com o tempo, serve como garantia para solicitação de empréstimos e para situações emergenciais.
Lembre-se: nenhum investimento está livre de risco e de custo!
Locações precisam ser gerenciadas e existirão períodos de vacância, que serão tão curtos, quanto maior sua disposição e capacidade de atualizar, periodicamente, as condições do imóvel.
Estratégias Mobiliárias
Como estratégias mobiliárias considero as aplicações em títulos de Renda Fixa e Variável.
São investimentos arriscados, cuja formação de preços dos Títulos, depende das condições econômicas, de mercado e de eficiência operacional.
Tanto a remuneração, quanto o retorno do capital estão sujeitos a variações positivas ou negativas.
4. Carteira de Ações Pagadoras de Dividendos
Ações que pagam dividendos são emitidas por empresas que realizam pagamentos em dinheiro por ação adquirida, com base no seu desempenho e lucratividade. Os dois tipos de ações pagadoras de dividendos são chamados de ordinárias e preferenciais.
Os dividendos de ações ordinárias são definidos pelo conselho de administração da empresa. Você não saberá o valor ou mesmo se haverá pagamento de dividendos, até que o conselho decida.
Os dividendos de ações preferenciais são mais regulares e os acionistas preferenciais recebem seus dividendos, antes que dos acionistas ordinários.
Os pagadores de dividendos mais consistentes tendem a ser de ações enquadradas na categoria de primeira linha – ou seja, de grandes corporações bem estabelecidas.
Procure ações que, pagam um rendimento de dividendos recorrentes, de 2% a 6% sobre o preço de suas ações.
Lembre-se: nenhum investimento está livre de risco e de custo!
Uma carteira de ações com empresas que pagam bons dividendos regularmente pode ser uma ótima estratégia de renda para sua aposentadoria, desde que seu perfil de risco seja adequado.
Em outras palavras, desde que você tenha estômago e se mantenha frio, nos períodos de alta e baixa do preço das ações, que podem ser significativos em épocas de crise.
Após a distribuição dos dividendos, o preço das ações referenciadas, geralmente, cai. A lógica é refletir a retirada do caixa para pagamento dos acionistas e os novos investidores, não terão direito a esse pagamento.
Atenção: o Brasil é um dos poucos países que não taxam dividendos e uma reforma tributária deverá mudar isso, no curto prazo.
5. Fundos Imobiliários
Fundos de investimento imobiliário de capital aberto são aqueles que possuem propriedades comerciais, residenciais ou industriais, ou títulos hipotecários, em vez de ações e outros títulos. Eles repassam aos investidores renda de aluguel, ganhos de propriedades vendidas ou pagamentos recebidos de empréstimos em títulos lastreados em hipotecas.
Os fundos imobiliários são obrigados, por lei, a distribuir pelo menos 95% dos lucros aos cotistas, sob a forma de dividendos
Lembre-se: nenhum investimento está livre de risco e de custo!
Assim como qualquer produto negociado publicamente nas bolsas de valores, o valor dos Fundos Imobiliários está sujeito às condições de demanda e oferta. Existe o risco de os investidores receberem menos do que o valor original pago, ao venderem suas cotas.
O valor dos Fundos Imobiliários varia em função da confiança e o sentimento do investidor sobre o mercado imobiliário e seus retornos, da capacidade de gestão do fundo, das taxas de juros e outros fatores relacionados aos ativos que compõem a carteira.
6. Tesouro Renda+ Aposentadoria Extra
O Tesouro Renda+ Aposentadoria Extra, é um título público lançado pelo Tesouro Nacional em parceria com a bolsa de valores brasileira, que permite ao investidor planejar uma data para se aposentar e receber uma renda extra mensal, pelo período de 20 anos.
A ideia é ousada e boa, ainda que o mercado financeiro e seus consultores não tenham demonstrado entusiasmo, por razões óbvias.
É um produto financeiro semelhante aos Títulos Públicos Indexados já conhecidos pelo mercado, chamados de NTN’s, (Notas do Tesouro Nacional).
O Tesouro Renda+ Aposentadoria Extra garante ao investidor a reposição da inflação e acrescido de um prêmio. Portanto, o rendimento será a inflação do período, medida pelo IPCA, somado aos juros combinados na hora da compra.
A diferença dos títulos NTN’s + Aposentadoria Extra é a renda que poderá ser obtida após o seu ano de vencimento, pelo período de 20 anos.
O valor desta renda pode ser simulado no Tesouro Renda+, e dependerá do acúmulo de títulos ao longo dos anos
Lembre-se: nenhum investimento está livre de risco e de custo!
Títulos públicos, como os Tesouro Renda+ Aposentadoria Extra podem ter variações negativas, sempre que houver expectativa ou a variação efetiva da taxa de juros.
Atente para a data de vencimento dos Tesouro Renda + Aposentadoria Extra e se certifique, dentro do possível, que não irá resgatá-lo antes do vencimento. Usufruindo da renda a partir da data de vencimento, você não será prejudicado pelas variações do mercado e receberá o combinado.
7. Fundos de Previdência Privada
Os Fundos de Previdência oferecidos pelos bancos e seguradoras são planos de benefícios, cujo objetivo é complementar a renda na aposentadoria.
Na aquisição de um Fundo de Previdência Privada, você terá que fazer escolhas importantes que, dificilmente serão alteradas, sem prejuízo ao valor investido e a rentabilidade acumulada.
Entre as escolhas estão o tipo de produto, PGBL ou VGBL, o regime de tributação, regressivo ou progressivo, a estratégia de investimento adequada ao seu perfil, custos, a renda contratada e forma de usufruto.
Em meio a tantas escolhas e complexidades, os fundos de previdência privada se tornaram produtos financeiros incertos e precisam ser reformulados, caso pretendam se manter comercialmente viáveis e confiáveis.
Lembre-se: nenhum investimento está livre de risco e de custo!
Os riscos envolvendo os fundos de previdência são os inerentes a todos os produtos estruturados por bancos e seguradoras, as letras miúdas e complexas dos prospectos e regulamento.
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Além das estratégias imobiliárias e mobiliárias, existe a possibilidade de se manter empregado durante o período da aposentadoria ou de empreender.
Mas, estes temas, poderemos analisar em outra oportunidade.
Ao contrário do que se pensa, a aposentadoria ou o pós-carreira, deve e pode ser o momento de maior liberdade, criatividade e aventura.
Claudia Kodja.
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